Wednesday, December 08, 2010

"É melhor perder o que nunca se teve..."

Isso faz parte da série, diálogo com anima.

Andei pensando nas razões da paixão - se é que elas existem - e descobrir tantos motivos pelo qual me apaixonei por você que não suportaria te perder. A sua perda não seria em nenhum momento desilusão, mas apenas uma dolorida perda. Os motivos por quais poderia te amar não são frutos do meu imaginário ou podem ser, tanto faz, mas eles existem, realmente, em você. São qualidades tão vivas e raras de se encontrar. Se eu termino o que nunca começou, porque "é melhor perder o que nunca se teve". O meu amor será eternamente perfeito, assim. Vivo dentro de mim todos os momentos felizes que poderíamos passar juntos, eternamente perfeitos. "As pessoas felizes vivem de saudades divididas", eu viverei de saudades não vividas. Deixa eu pegar na sua mão e dizer que te amo, essas são as poucas lembranças vivas que guardarei comigo.

Diálogo com a anima

Em algum mês entre 2004 e 2005, escrevi este texto, para quem foi?...foi um diálogo com minha anima. Estou voltando a conversar com ela novamente.

Eu preciso escrever algo. Eu não consigo dormir direito. Das poucas horas de sono, você ocupava todos os sonhos. Eu não quero te esquecer. Faça-me dissociar amor da desilusão. Na quero mais estabelecer relação entre estas duas palavras, apesar de uma não viver sem a outra, diria para existir vida plena precisamos de desilusão intermitentes. Desejaria amar da maneira mais ampla e mais bela, compartilhar segredos; pegar na sua mão, andar pelo parque, ficar ao seu lado sem dizer uma única palavra. Não posso mais.

Começarei a tentar te esquecer. Quando mais tempo evito te esquecer, mas fundo se torna. Trate-me com alguém que passou na sua vida, e te disse, Bom Dia drummoniano! Eu vou fingir que tudo não passou de um sonho que eu dizia que te amava, e você despejava em mim sua face fria, pedindo desculpas por não me amar. Pensei em não chorar por você, mas quando me lembro que é tão bom ficar ao seu lado...eu me dou algumas lágrimas (minha face transforma-se em uma pequena cachoeira), cada lágrima é uma despedida, na qual se desfaz meu amor, na qual se desfaz você.

Mesmo assim, te agradeço por me lembrar que posso amar. Escrever esta carta está sendo mais difícil que imaginava. Estava tentando ser forte, e não pensar em você, mas entendi que ser forte é pensar em você todos os dias, se cada lágrima representa um pouco de amor, ainda tenho muito que chorar. Como é bom saber que estou vivo. Queria que a partir desta carta tudo voltasse ao que era antes, não precisa você escrever ou me dizer algo. Uma carta de amor é simplesmente mais uma carta...

Paixões da alma 1

Paixão (termo grego pathos - passividade do sujeito, experiência infligida, sofrida, dominadora e irracional)

- o grego sempre viu na experiência de uma paixão, algo misterioso e assustador, que o possui em lugar de ser por ele possuido. Entretanto, o entendimentdo deste estado se diversificam entre os gregos, nem sempre completamente dominadora e nem sempre desfavorável ao indivíduo.
Apesar da crítica de Descartes, no art.1 do ensaio "As paixões da Alma, aos antigos, julgando-os que os ensinamentos dados sobre as paixões é tão pouco, e na maior parte tão pouco crível. Podemos perceber no texto de Benedito Nunes, "A paixão de Clarice Lispector" elementos que aproximam o ensaio de Descartes e o entendimento dos gregos arcaicos e dos filósofos vindouros quanto a paixão.
Descarte quando apresente no art.50 que não existe alma tão fraca que não possa, sendo bem conduzida, adquirir poder absoluto sobre as suas paixões, indica similaridades com os ideais gregos, que nem sempre as paixões são completamente dominadora, nem sempre desfavorável ao indivíduo. Descarte reforça o pensamento grego, “as paixões são todas boas por natureza”, só devemos evitar o seu mau uso ou os excessos (hybrys).

Os filósofos gregos, no período clássico, sobretudo Sócrates e Platão, consideravam as paixões uma fonte de energia, tanto para as atividades sensual quanto para as atividades intelectuais. O pensamento racional estaria comprometido com a comoção da alma. A negação extremada pelos estóicos, cuja conduta racional, possibilitada pela prática da virtude, incluindo a disciplina intelectual de controle das representações ilusórias, culminaria na conquista da anima impertubável, ponto defendido por Descartes no art.49 (que a força da alma não basta sem o conhecimento da verdade). Descartes se distancia dos estóicos quanto estes consideravam as paixões más.