Saturday, November 24, 2007

preciso revisar

Darlindo e Marcelo,

Trago aqui algumas questões de alguém que pouco dormiu depois da reunião de ontem, com um forte caráter epistemológico. Antes de tirar conclusões mais profundas da discussão, vou procurar ouvi-la de novo, mas o que estávamos tentando responder era a fonte a natureza, fontes e validade do conhecimento. Diante disso surge a pergunta a clássica, "O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos?".
No meio das metralhadoras de idéias surgiram mais duas perguntas que eu fiz: Como produzimos conhecimento; e Onde produzimos conhecimento?
"Onde?" é a pergunta que mais me intriga por que nela envolve as pessoas participantes deste processo. O "onde" determina o momento exato que surgiu o conhecimento, e o que me parece, seria juntos na oficina com os agentes comunitários. A minha posição que este momento é efêmero, quase não existe, dizer que existe na nossa memória, ou anotações, ou sentimentos, não explica, nem valida o conhecimento. Eu digo isso porque os nossos orientadores se dirigiam aos ofícios impressos dos relatórios dando uma materialidade a fonte de conhecimento, que é duvidosa.
E quando falo duvidosa, parte de outro pressuposto da honestidade do investigador. Vamos por seqüência:
1. Relatórios das oficinas e com os Agentes – feitos das formas mais diversas, com estilos, atenções e registros diferentes;
\n\u003cspan\>2.\u003cspan\> \u003c/span\>\u003c/span\>\u003c/span\>\u003cspan\>Diário de campo – só realizado depois de muita insistência, apesar de estar como uma técnica a ser empregada na pesquisa-ação, mas ninguém a compreendia como tal.\n\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 0pt 36pt;text-indent:-18pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>\n\u003cspan\>3.\u003cspan\> \u003c/span\>\u003c/span\>\u003c/span\>\u003cspan\>Transcrições – não fizemos as gravações de forma adequada que garanta a confiabilidade do registro. Dificuldade de ouvir as gravações, muitas lacunas e fragmentos do discurso. \n\u003cspan\> \u003c/span\>\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt 36pt;text-indent:-18pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>\n\u003cspan\>4.\u003cspan\> \u003c/span\>\u003c/span\>\u003c/span\>\u003cspan\>Observações de campo – apesar de ter insistido que esta fonte entrasse nas anotações de Darlindo, não foi algo reforçado, e nem é um registro que o grupo faça com critério.\n\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>\u003cspan\> \u003c/span\>\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>Esta é a minha avaliação sobre as fontes. Independente disso, estávamos abordando como iríamos tratar esta fonte de dados. E o que me ficou, é que no maior desafio é validar este conhecimento dentro de um trabalho coletivo. Qual a metodologia para se validar estas conclusões, resultados ou seja lá o que vocês querem dar o nome? Saímos com esta pergunta.\n\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>Chamei a atenção para as diferenças de linguagem dentro do processo de comunicação, onde se daria esta validação coletiva. Na qual foi exposto que deveríamos fazer um esforço de comunicação. Marcelo chegou a insinuar que eu poderia estar despontencializado os sujeitos críticos, construtores da sua própria realidade, e que isso era uma crença básica. Não me desfaço desta crença, apenas acho que ser construtor da própria realidade, é diferente de ser construtor de um material científico. O produto científico é o esforço de alcançar o inalcançável – a realidade. A realidade só se faz na ação, e o que estamos querendo fazer é um discurso da realidade. E o que vamos produzir, só nós podemos validar, porque só nós estivemos lá, naquele momento, é quase uma verdade inquestionável em termos do afeto e do momento. \n",1]
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2. Diário de campo – só realizado depois de muita insistência, apesar de estar como uma técnica a ser empregada na pesquisa-ação, mas ninguém a compreendia como tal.
3. Transcrições – não fizemos as gravações de forma adequada que garanta a confiabilidade do registro. Dificuldade de ouvir as gravações, muitas lacunas e fragmentos do discurso.
4. Observações de campo – apesar de ter insistido que esta fonte entrasse nas anotações de Darlindo, não foi algo reforçado, e nem é um registro que o grupo faça com critério.

Esta é a minha avaliação sobre as fontes. Independente disso, estávamos abordando como iríamos tratar esta fonte de dados. E o que me ficou, é que no maior desafio é validar este conhecimento dentro de um trabalho coletivo. Qual a metodologia para se validar estas conclusões, resultados ou seja lá o que vocês querem dar o nome? Saímos com esta pergunta.
Chamei a atenção para as diferenças de linguagem dentro do processo de comunicação, onde se daria esta validação coletiva. Na qual foi exposto que deveríamos fazer um esforço de comunicação. Marcelo chegou a insinuar que eu poderia estar despontencializado os sujeitos críticos, construtores da sua própria realidade, e que isso era uma crença básica. Não me desfaço desta crença, apenas acho que ser construtor da própria realidade, é diferente de ser construtor de um material científico. O produto científico é o esforço de alcançar o inalcançável – a realidade. A realidade só se faz na ação, e o que estamos querendo fazer é um discurso da realidade. E o que vamos produzir, só nós podemos validar, porque só nós estivemos lá, naquele momento, é quase uma verdade inquestionável em termos do afeto e do momento.
\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>Darlindo traz questões epistemológicas, dentro do seu referencial, que ficam mal resolvidas dentro do grupo. Eu acho que precisam ser retomadas com outra estratégia, ao invés de ouvirmos e julgarmos que compreendemos o dito, gostaria de ler algum material, e criticar o escrito, e saber de que forma posso acrescentá-lo no processo de análise. Por que toda vez que eu julgava ter compreendido Darlindo, ele dizia outra coisa, e o que eu dizia ou compreendia parecia ser muito distante do que ele queria dizer. Eu digo isso porque a mesma diferença de linguagem que existe entre os Agentes comunitários e nós residentes, parece que existe entre os senhores coordenadores e nós residentes. Parece ser uma ironia querermos construirmos algo de sentido coletivo, tão, tão coletivo. Tenho medo desta coletiva construção de sentido, ser uma falácia coletiva. E termos um trabalho sem os aportes teóricos necessários, sem a escrita adequada, sem este sentido que todos parecem entender bem, menos eu, e termos apenas o coletivo. Fico imaginando se este coletivo construir algo de uma força inconsciente tão destrutiva para ele, e estarmos tão envolvidos neste processo de validação e percebermos tarde de mais. E o que vamos dizer, "valeu a tentativa!". Qual é o referencial teórico, é o materialismo histórico, onde sujeito se encontra inscrito na sua história? Ou construções hermeuticas (sugiro que leiam um fragmento que coloquei no final desta mensagem) de um certo dado. Eu acho que sem esta clareza de referencial, não vou (digo por mim) conseguir dar mais passo nenhum de análise. \n\u003c/span\>\u003c/p\>\n\u003cp style\u003d\"margin:0cm 0cm 10pt;text-align:justify\"\>\u003cspan\>Sinto-me frágil e inseguro neste processo inteiro. Passou por mim até a vontade de provar que este sentido coletivo não existe, que tudo não passa de uma forma sutil de direcionamento de relações saber x poder e intencionalidades. E outra questão que coloco por fim, que é a minha confiança no grupo de \n\u003ci\>pesquisadores experts",1]
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Darlindo traz questões epistemológicas, dentro do seu referencial, que ficam mal resolvidas dentro do grupo. Eu acho que precisam ser retomadas com outra estratégia, ao invés de ouvirmos e julgarmos que compreendemos o dito, gostaria de ler algum material, e criticar o escrito, e saber de que forma posso acrescentá-lo no processo de análise. Por que toda vez que eu julgava ter compreendido Darlindo, ele dizia outra coisa, e o que eu dizia ou compreendia parecia ser muito distante do que ele queria dizer. Eu digo isso porque a mesma diferença de linguagem que existe entre os Agentes comunitários e nós residentes, parece que existe entre os senhores coordenadores e nós residentes. Parece ser uma ironia querermos construirmos algo de sentido coletivo, tão, tão coletivo. Tenho medo desta coletiva construção de sentido, ser uma falácia coletiva. E termos um trabalho sem os aportes teóricos necessários, sem a escrita adequada, sem este sentido que todos parecem entender bem, menos eu, e termos apenas o coletivo. Fico imaginando se este coletivo construir algo de uma força inconsciente tão destrutiva para ele, e estarmos tão envolvidos neste processo de validação e percebermos tarde de mais. E o que vamos dizer, "valeu a tentativa!". Qual é o referencial teórico, é o materialismo histórico, onde sujeito se encontra inscrito na sua história? Ou construções hermeuticas (sugiro que leiam um fragmento que coloquei no final desta mensagem) de um certo dado. Eu acho que sem esta clareza de referencial, não vou (digo por mim) conseguir dar mais passo nenhum de análise.
Sinto-me frágil e inseguro neste processo inteiro. Passou por mim até a vontade de provar que este sentido coletivo não existe, que tudo não passa de uma forma sutil de direcionamento de relações saber x poder e intencionalidades. E outra questão que coloco por fim, que é a minha confiança no grupo de pesquisadores experts
(como vocês gostam de falar). Como posso confiar num grupo que esqueceu o básico da pesquisa, que é a pergunta de pesquisa. E fiquei a noite acordado, me virando de um lado para o outro, chamando por Deus, e perguntando, "meu Deus, o que é que estou validando?". E eu pergunto a vocês: Os senhores partem de que pressuposto para falarem tanta coisa difícil que eu não entendo ou entendo muito pouco? Tive e estou numa forte crise existencial, e não vou fazer mais análise nenhuma, até sair dela. \n\u003c/span\>\u003c/p\>\u003c/div\>\u003c/blockquote\>\n\u003cdiv\> \u003c/div\>\n\u003cdiv\> \u003c/div\>\n\u003cdiv\>Fragmento do texto "Conflito Hermeneutico":\u003c/div\>\n\u003cdiv\> \u003c/div\>\n\u003cdiv\>\u003cspan style\u003d\"font-family:Verdana\"\>"Termo usado por Paul Ricoeur para caracterizar a dupla motivação — vontade de escuta, atitude de suspeita — que caracteriza a ambiguidade da hermenêutica contemporânea. P. Ricoeur parte do seguinte dado de facto: a relação da interpretação com a linguagem comporta, hoje, depois de Nietszche, Freud e Marx, uma dupla possibilidade que não pode ser esquecida e origina no âmbito da hermenêutica um conflito de interpretações. São fundamentalmente duas, e radicalmente opostas, as possibilidades de interpretação que hoje se fazem da função significativa da linguagem-símbolo: a hermenêutica da confiança acredita no poder prospectivo e revelador dos símbolos; a hermenêutica da suspeita, acentua o seu poder dissimulador, efectuando uma interpretação redutora e arqueológica de toda a simbólica humana. É, por isso, necessário enfrentar a complexidade de um tal conflito, em ordem a dilucidar a dimensão significativa ou hermenêutico-especulativa da própria linguagem falada pelos homens e falada aos homens. A explicitação do nó semântico de toda a hermenêutica, tarefa em que Ricoeur concentra, aliás, o núcleo da sua hermenêutica, exige que se reflicta, nomeadamente, sobre a ambiguidade ou paradoxo constitutivo da própria estrutura significativa da linguagem, que não é pura cópia mas funciona como símbolo. No símbolo, a dupla intencionalidade do sentido literal surge como um enigma que tanto pode significar um novo modo de referência como pura dissimulação."\n",1]
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(como vocês gostam de falar). Como posso confiar num grupo que esqueceu o básico da pesquisa, que é a pergunta de pesquisa. E fiquei a noite acordado, me virando de um lado para o outro, chamando por Deus, e perguntando, "meu Deus, o que é que estou validando?". E eu pergunto a vocês: Os senhores partem de que pressuposto para falarem tanta coisa difícil que eu não entendo ou entendo muito pouco? Tive e estou numa forte crise existencial, e não vou fazer mais análise nenhuma, até sair dela.


Fragmento do texto "Conflito Hermeneutico":

"Termo usado por Paul Ricoeur para caracterizar a dupla motivação — vontade de escuta, atitude de suspeita — que caracteriza a ambiguidade da hermenêutica contemporânea. P. Ricoeur parte do seguinte dado de facto: a relação da interpretação com a linguagem comporta, hoje, depois de Nietszche, Freud e Marx, uma dupla possibilidade que não pode ser esquecida e origina no âmbito da hermenêutica um conflito de interpretações. São fundamentalmente duas, e radicalmente opostas, as possibilidades de interpretação que hoje se fazem da função significativa da linguagem-símbolo: a hermenêutica da confiança acredita no poder prospectivo e revelador dos símbolos; a hermenêutica da suspeita, acentua o seu poder dissimulador, efectuando uma interpretação redutora e arqueológica de toda a simbólica humana. É, por isso, necessário enfrentar a complexidade de um tal conflito, em ordem a dilucidar a dimensão significativa ou hermenêutico-especulativa da própria linguagem falada pelos homens e falada aos homens. A explicitação do nó semântico de toda a hermenêutica, tarefa em que Ricoeur concentra, aliás, o núcleo da sua hermenêutica, exige que se reflicta, nomeadamente, sobre a ambiguidade ou paradoxo constitutivo da própria estrutura significativa da linguagem, que não é pura cópia mas funciona como símbolo. No símbolo, a dupla intencionalidade do sentido literal surge como um enigma que tanto pode significar um novo modo de referência como pura dissimulação."

Para Clô

O mais belo do rio é saber que ele corre
[em direção ao mar

Aomar

Amar e Omar resolveram se casar
[E nasceu Aomar
A família logo apelidou de aomarzinho
Por mais que ele replicasse,
- Eu sou homem, mãe.
E todos riam e repetiam:
Homem Aomar.
Mar não era brincadeira, pouco sorria.
Todos na cidade o conhecem somente por Mar,
Aomar fez valer sua voz altiva para todos.
Menino bravio e audaz,
quando alguém queria fazer uma grande aventura,
chamava logo por ele.
Até que um dia,
uma bela jovem chamada Rio,
encantou-se pelas cristas de Mar.
E Mar, que nunca teve margens,
Admirou-se pelas curvas de Rio.
Desde então, Rio e Mar podem fazer longas viagens,
mas sempre se encontram em algum lugar,
e se deságuam em beijos penetrantes.
Mar é uma palavra doce
quando se encontra com Rio.

Nome-do-pai

Poesia de sentido único (ou vários)

Quando criança ia à praia com a família
E meu* me lançava, nas ondas, no mar


* Essa poesia, se é que é poesia, mas representa o simbólico, não pode ser modificada, então resolvi acrescentar esta nota para explicar que era para escrever “E meu pai me lançava...”, suprimir a palavra “pai”, foraclusão, me dando conta posteriormente.
O sentido único da poesia, sou eu sendo lançado ao mar. Eu ia e não voltava, tinha que ser resgatado debaixo das ondas. Quando a onda era forte, era de vários sentidos, ficava em baixo sendo sacudido para cima, para baixo, para esquerda e para direita.

Na rede

É fácil escrever poesia
Basta ter atrevimento
Depois, você fica silencioso
no seu canto, comtemplando as palavras.
Como não sou mineiro,
Sou Baiano, estou na rede,
suspensa em duas paredes de sentimentos,
pescando palavras no ar.