Saturday, September 01, 2007

Bufão... o palhaço do Brasil!






O bufão é aquele que critica aspectos ou condutas sociais que lhe parecem falsas, hipócritas e ridículas. E ridiculariza este outro falso e as condutas sociais com o uso do seu corpo e pantomima. Ridiculariza a si próprio na representação de todos, esperando com isso o clareamento ou mudanças das relações.
Na peça Bufão – o palhaço do Brasil, o nome já apresenta uma aparente ambigüidade entre o palhaço e o bufão, que ele era um bufão que se fez palhaço, o que é fascinante e um ganho para proposta artística, pois não faz uso do ridículo ou não ridiculariza alguma personagem social. Sem o ridicularizar faltaria o bufão, mas este se apresenta quando ridiculariza a solidão humana, a rotina e o cotidiano. E eleva, sobremaneira, o indivíduo enquanto ser de alteridade. Valoriza a atenção, o cuidado com o outro, na sua forma mais imediata de interação e contato. O nosso Bufão valoriza o toque, o olhar, o gesto (ação) amoroso (a) - a linguagem dominante do espetáculo -, o que faz sentido e se demonstra um desafio: um monólogo mudo para criança, que os adultos adoram, que fala do cuidar de si e do outro.
E no mundo de barulhos, o Bufão propõe o silêncio para que se possa sentir. Propõe o silêncio para que se ouça o coração com o despertar do sol, e o anoitecer com a lua. Sol e lua são símbolos da peça, na qual aborda a sucessão temporal que todas as atividades mortais se realizam; ao mesmo tempo em que são oposições, entre o movimento e o repouso; apresenta-se como uma escolha entre despertar o amor e sossegar a agonia.

No comments: