Sunday, August 12, 2007

Esperança de um cego


O seu amor é algo tão delicado.
Creio ser cristais que repousam
na superfície do mar.
Podem sempre ser vistos,
mas jamais tocados.
Com o sopro do vento sentem frio.
Com o arder do sol se derretem.
Com o tremer do mundo se desmancham.
Todos que chegaram perto
tiveram que voltar.
Ofuscado belo brilho
Eu fiquei cego.
E a vida perdeu as cores.
Os movimentos rápidos e festeiros
tornaram-se lentos e melancólicos.
Quem nada sofreu por você
é porque nunca soube te enxegar.
Caminharei só na escuridão,
com a bengala em punho,
no triste caminho trôpego de um cego.
Cultivarei a esperança de reacender a luz
dos meus olhos e apagar a chama da solidão.
Do triste fim da perda dos olhos,
Ganharei a paciência de caminhar.
“A poesia é única prova que ainda somos capazes de enxergar com o coração”.

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