Tuesday, August 14, 2007

Lucubração


Escrevir este pequeno texto, após ler a imagem de Saramago sobre a transa divina-sexual de José e Maria no livro "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Mas pode ser uma bela maneira de acordar todas as manhãs.

Abrir a cortina num hábito matinal. O sol resplandeceu no rosto, levando ao arder da pele a agonia nos olhos. Deixei a janela em meia cortina, e o quarto foi invadido por canhões de sol que luzem na cocha da mulher ainda sonolenta. No momento esfria a alma ao observar os raios de sol quase que penetrando a pele da moça na cama, vou até ela.
Com o lençol sobre o ventre, nada percebe, até que eu chego e levanto o lençol delicadamente, num desleixo ou sabendo dos deveres de uma mulher casada, as suas pernas se abrem e perfuma o ambiente com o aroma de mulher. Eu a percebo com toda admiração e respeito. Envolta com uma calcinha de renda com os pêlos pubianos perfurando o tecido, ela deixa escapar um suspiro. Eu prendo a respiração, como se existisse alguém para acordar naquela fina camada de pêlos, e beijo num simples e demorado toque. Os seus olhos de espera entreaberto não compreendem o significado de tudo.
Puxo com dois dedos sua calcinha para o lado esquerdo, e depois, o sol não é o único a tentar perfurar a carne feminina presente na cama. Adentro sua pele, as pernam caem para o lado e vejo um leve morder de lábios. Os meus suspiros mais constantes e ritmados, e ela, agora, com um leve sorriso no rosto prende os gemidos ainda surdos. Gritamos e gememos como se todas as forças do mundo convergissem para a cama. Aquele sutis traços de anjo sonolento, tinham se transformado em uma feroz mulher que rasgava minha pele em unhas e mordia meu corpo como predador a devorar sua presa. Parecia que aquele momento não teria mais fim, ou que seria nossa última chance de sentir os prazeres da carne.
O seu corpo já todo melado de suor e prazer escorregava pela minha boca, os seus cabelos cobriam minha face...
Gostaria de descrever o fim, mas estava muito embriagado de prazer para poder me lembrar alguma coisa. Aquele momento nunca mais vai se repetir em nossas vidas.

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