Sunday, June 25, 2006

Carnaval 2005 - Texto 0

Carnaval “já é”. A grande sensação desde verão começa com o nome Afro. Para os amadores da música baiana, sabe que estou me referindo à banda do verão Afrodisíaco. Segundo comentam trata-se da “nova sensação da cena artística baiana”. No mínimo é uma banda interessante... só o nome que é um pouco brega, parece aquelas loções de catuaba. Senão, homenageiam a etimologia grega do adjetivo aphrodisios (nascido da espuma, nascido do mar). Deusa grega Afrodite, deusa do amor, nasceu das espumas das águas do mar. Com a dominação romana passou a ser tratada como Vênus, que lembra uma banda de rock, que lembra que não podemos esquecer no carnaval de encamisar o bilu-bilu. Pelo menos uma utilidade pública esta “nova sensação” remete, para poucos, é claro! Para muitos é apenas um estimulante sexual, pouco importa Vênus, se é deusa do amor, nome dado a um saco protetor de viroses, e inspiração para uma banda de rock.
Ou será que eles colocaram pensando nas referências “afro”, já que é uma banda afro-pop. Entenderam a piada, afrodisíaco; é assim mesmo, não era para rir. A banda é no mínimo interessante, pois além desta festa etimológica que nos lembra das nossas raízes arquetípicas, passando pelo rock e chegando ao carnaval lasci-erótico-baiano, os dois cantores principais da banda, também, possuem nomes curiosos. Um nome é francês, Pierri, associado ao sobrenome mais importante da história do mundo bilionário, Onássis. Nome que ficou conhecido com Jaqueline Kennedy Onássis, que após sua trajetória de grande dama americana casou-se com o bilionário Aristóteles Onássis; ora, novamente voltamos à Grécia. Este mundo é deveras cíclico. O outro cantor, não menos curioso, parece um nome indígena de raízes tupi, Jauperi, não conseguir nenhum estudo onomástico, mas dizem que os íntimos chamam nosso renomado cantor de “Jaú”, bem que poderia ser Chau (derivação interiorana de tchau [origem italiana, ciao - até logo, até à vista]). Partir para alhures, além do mar, voltar de onde nasceu das espumas do mediterrâneo e por lá ficar. Mas não, a Bahia não é assim, terra mãe de pernas abertas, de índios que viram nos portugueses deuses, tudo acaba no dendê. Pega tudo, meniniiiiiinho, joga na fritura, mete a pimenta e teremos a miscigenação global baiana: afro-gregos-romanos-italianos-franceses-índios-americanos e baianos, tudo inteiro em uma só banda. Aja camisinha. Este carnaval estou vendo que “já é” demais para minha cabeça.

1 comment:

Anonymous said...

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